sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Obra com madeira de lei da Amazônia é alvo de disputa judicial nos EUA

Fonte: Globo Amazônia

Ipê brasileiro deve ser usado em piso de calçadão em Nova Jersey. Ambientalistas organizaram campanha contra compra do material.

O uso de madeira de lei brasileira na reforma do calçadão de Ocean City, balneário do estado de Nova Jersey, é o centro de uma disputa judicial entre a prefeitura da cidade e uma empresa que vende o material nos EUA.

Ambientalistas locais articularam uma corrente de e-mails contra o uso da madeira e afirmam ter conseguido o envio de mais de 100 mil e-mails à administração pública local. A confusão começou em 2007, quando Ocean City resolveu comprar ipê brasileiro para consertar um quarteirão do seu calçadão de madeira que fica na beira da praia. A área de pedestres de 4 quilômetros de extensão é uma das principais atrações turísticas do local.

Ambientalistas se mobilizaram e protestaram contra o uso de ipê brasileiro, já que havia uma resolução de 1997 da prefeitura para não usar mais madeira de florestas tropicais no piso do calçadão, como informa a agência Associated Press.
Em 2008, o conselho local (câmara de vereadores) deu prazo até 15 de outubro para receber as tábuas da fornecedora Grasmick Lumber Company. A entrega estava atrasada. Como a encomenda não foi entregue integralmente, a prefeitura de Ocean City resolveu cancelar o contrato com a madeireira e foi processada.

Nesta quinta-feira (26), os vereadores da cidade decidiram fazer um acordo com a empresa, estabelecendo que cerca de um quarto da reforma será feita com ipê. Para o restante, será usado um pinheiro norte-americano.

De acordo com a ambientalista Rhonda Van Wingerden, que ajudou a organizar o movimento contra o uso do ipê, os vereadores resolveram fixar a data de 15 de outubro para quebra de contrato porque havia pressão, inclusive de comerciantes locais, para que o material fosse usado.

Rhonda disse que para a reforma seria necessário ipê suficiente para cobrir cerca de 4 mil metros quadrados. A Grasmick Lumber, no entanto, entregou menos de 10% do total encomendado. Embora seja madeira declaradamente certificada (legal), parte dela não tem o selo que comprova a origem, afirmou a ambientalista. “Não há garantia, mesmo sendo certificada, de que a madeira foi extraída de forma sustentável”, acrescentou.

O diretor financeiro da Grasmick Lumber, Ron Leubecker, disse ao Globo Amazônia que a empresa não comentará mais o caso.

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